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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

E se fosse ela?


E SE FOSSE ELA?
(Y, ¿Si fuera ella?)
Letra: Alejandro Sanz
Tradução, adaptção e versão livre: Eliane Carvalho e Wanderley Nunes

Ela, se desliza e me atropela, e que às vezes não me importe, mas sei que o dia que eu a perder, voltarei a sofrer por ela.
Ela, que aparece e que se esconde, que vai e que fica, que é pergunta e que é resposta, que é minha escuridão e minha estrela.
Ela me penteia a alma e me enreda, vai comigo, mas não sei aonde vai, minha rival, minha companheira que está tão dentro da minha vida e às vezes, está tão fora, sei que voltarei a me perder e a encontrarei de novo, com outro rosto e outro nome diferente e outro corpo.
Mas segue sendo ela, que novamente me leva, nunca me diz sim, ao girar o círculo...
Ela se faz fria e se faz eterna; Um suspiro é um tormento no meio de uma tempestade, ela que tantas vezes mudou a voz.
Gente que vai e vem, sempre é ela, que me mente e me nega;
Que me esquece e me lembra, mas se minha boca se equivoca, mas se minha boca se equivoca e, ao chamá-la chamo a outra, às vezes sente compaixão por este louco, cego e louco coração.
Seja, o que Deus quiser que seja, meu crime é a lentidão de ignorar que há quem não tem coração e vai queimando, vai me queimando e me queima.
E se fosse ela?
Ela me penteia a alma e me enreda, vai comigo... digo eu. Minha rival, minha companheira, essa é ela. Mas custa, quando outro adeus está tão perto e a perderei de novo, e outra vez perguntarei enquanto se vai, e não haverá nova resposta.
E se essa que vai longe... A que estou perdendo... E se essa era? E se fosse ela?
Seja o que Deus quiser que seja, meu crime é a lentidão de ignorar que há quem não tem coração, vai me queimando e me queima.
E se fosse ela?
Às vezes sente compaixão por este louco, cego e louco coração.
Era?
Quem me disse, se era ela?
E se a vida é um círculo que vai girando e ninguém sabe quando tem de saltar
Eu a vejo...
E se fosse ela?
Se fosse ela?
E se fosse ela?

Garotos



Garotos

Leoni

Seus olhos e seus olhares milhares de tentações
Meninas são tão mulheres seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos, boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher são só garotos
Seus dentes e seus sorrisos mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos eu já não me importo comigo
Então são mãos e braços, beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço seguindo seus passos
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos...




Obs.: Mais uma vez venho aqui deixar registrada uma letra que é legal e dedicar a minha amiga, fiel, cumplice, etc. Cá te adoro muitoooooooooooo...

Eu Te Amo

Eu Te Amo
Tom Jobim - Chico Buarque


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar,
fiz tantosdesvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Soneto do Amor total

Soneto do Amor total
Vinícius de Moraes

Amo-te tanto, meu amor...não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do
que pude.

domingo, 23 de setembro de 2007

Só de sacanagem

Só de sacanagem
Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Hoje quero chorar


HOJE QUERO CHORAR
Eduardo Potiguar

Hoje quero chorar,
mas não posso.
Homem não chora,
dizia-se no passado,
mas então o que fazer
quando bater a insegurança?
o que fazer quando
nossos medos se libertam
e os caminhos são tantos,
mas não levam a nada?

Hoje eu vou parar,
parar pra chorar,
pra me restabelecer e
me levantar,
olhar a linha do horizonte
e avistar somente um caminho
mas antes disso quero chorar.
Dane-se quem dizia que o homem
não podia chorar!!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Belíssima


Belíssima
Vanessa Barum


Quando tudo fica triste e a felicidade já não basta,
Os inimigos ficam frios e a culpa é sua,
Se você sucumbe ao medo que vem atormentar teus sonhos,
Ainda resta o fogo humano contra a hipocrisia.
Quando todos te humilham e te empurram ao fracasso,
Desafia a agonia, acorda em ti o teu palhaço,
Se alegre como os inocentes, não se torne o decadente,
Nem procure no futuro o que está no teu presente,
Seu desejo é uma serpente, um anjo indecente,
Ao tocar na tua pele te transmite uma febre,
Que te joga contra o mundo até que você se assuma,
E repita pra si mesma.
Sou belíssima, sou belíssima,
E um grande amor me espera ao meu lado.
Sou belíssima, sou belíssima,
E um grande amor me espera ao meu lado.
Nunca é tarde nunca é cedo quando a angustia te corroe,
A cada passo você perde o centro e sente saudade,
O passado é bom e morre como um pranto que se come,
A cada um as aventuras são particulares,
A paixão só tem coragem se a vontade for valente,
E até provar o contrário é preciso estar contente,
E loucamente dizer sempre que foi por amor,
Foi belíssimo, foi belíssimo,
Meu grande amor sempre ao meu lado.
Foi belíssimo, foi belíssimo,
Meu grande amor sempre ao meu lado,
Sou belíssima, sou belíssima,
Meu grande amor sempre ao meu lado.

Obs.: Lê isso é pra você!!! Te adoro muito!!!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Bandeira

Bandeira
Zeca Baleiro

Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio para sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele
Eu Não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando tchau

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro, se bem me lembro
O melhor futuro este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo, ter estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal

Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida, vida noves fora zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver)

És (Parte ll)

És (Parte II)
Wanderley Nunes

És o homem que antes foste o menino
És o mocinho que outrora foste vilão
És o forte que antes foste o fraco
És aquele que carrega seus sentimentos no coração.

És dono de tua própria guerra
És aquele que luta pela tua vitória
És aquele que esqueceu-se da tua terra
És aquele que tem muitas histórias.

És aquele que buscou o amor,
Mas só encontrou rancor
Buscou doçura
Só encontrou loucura.

És dono de sentimentos confusos
Es aquele que odeia e ama
Briga e depois chama
Chora e sabe que no fundo ama.

És aquele velhinho escrevendo suas memórias num papel de pão
És aquele que sofreu como um cão
És hoje aquele que tem a sensação de que um dia valeu a pena ter vivido
Ter amado e ter sofrido.

domingo, 16 de setembro de 2007

Paixão


PAIXÃO
Eduardo Potiguar

Chama que incendeia nosso coração,
E nos atinge sem esperarmos,
envolvendo-nos por completo,
Alterando nossa química,
Conduzindo nossos impulsos e emoções.
Não devemos procurar explicação para ela,
Pois não há, porém devemos procurar vivenciá-la,
Aproveitando todos os segundos de êxtase que nós
Certamente teremos, porque a paixão sempre é
passageira, no entanto, ela pode ser a porta
que se abre para o AMOR!!!

Mulher Misteriosa


MULHER MISTERIOSA
Eduardo Potiguar

Que mistério traz contigo?
Por que não posso saber?
De onde tu vens?
aonde queres chegar?

Uma mulher sem nome,
sei que não és, tens sorriso
nos lábios, lágrimas que caem
dos olhos, sentimentos que
afloram ao simples despertar.

As tuas poesias instigam
a curiosidade, o teu mistério
trás o fascínio do desconhecido
que precisa ser revelado.

Mas se não queres te mostrar agora,
continua com tuas poesias,
aos poucos saberei quem tu és,
os teus versos revelarão de quem é
a mão que segura a caneta.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Águias


Águias
Deborah Blando

Eu não consigo mais ter que esconder o quanto dói se toda vez temos que separar. Secaram todas as lágrimas.
Você tirou de mim o que eu senti, nunca ninguém me amou do jeito que você me quis, ainda é novo para mim.
Às vezes fico sonhando num futuro distante estaremos nós e me dá um nó.
Porque sei que o presente é incerto e ausente, e a realidade dói.
Você mudou meu jeito de sentir, tua coragem me fez ver da forma que eu nunca vi, iluminou tantas sombras em mim.
Nunca negou meu jeito de existir, pegou no colo a criança abandonada que não podia dormir.
Será que temos a chance de viver nossos sonhos quando amanhecer, será que a gente vê, o destino filmando a nossa memória e nos deixar viver.
Somos duas águias no céu a voar. A voar.
Que procuram na compaixão do vento um galho para pousar. De encontro ao mar pra navegar, como dois golfinhos seguem rindo da ironia.
Nós conseguimos o raro duas almas que unem sem deixar de ser, sem deixar de ver, que nada é eterno, mesmo invencível o amor há de vencer.
Seguindo o infinito pra voar, pra voar, procurando na compaixão do vento um campo pra pousar, pra mergulhar e voltar.
Às águas mais profundas onde não há o tempo pra separar.

A Volta da Solidão

A volta da solidão
Eduardo Potiguar


Foi quando achava que já sabia voar que me levaram as asas,

Foi quando me sentia livre para poder amar, me aprisionaram,
E eu novamente fiquei só na cela e na solidão relembrei
Os bons tempos da liberdade, como foi intenso,
Como foi puro o momento em que eu a recebi.
Eu não sabia que junto com ela surgiriam outros sentimentos,
Mas eu não me preocupei, não me defendi, apenas me doei,
Porque tudo o que eu mais queria era sentí-la na essência.
Ah, como sonhei tê-la para sempre...
Porém esqueci que tudo em nossa vida é passageiro.
Não vou chorar, somente se fosse de alegria,
Pois foi isso que todo o tempo ela me proporcionou,
Mas hoje o sentimento que aflora na minha alma
É a tristeza e eu não posso conter.
Cabe apenas aceitar o que me foi imposto,
Talvez, resultado da minha própria escolha.
Saudade, sentimento mais cruel que assola um ser,
Saudade não pelo que deixei de fazer,
Porque tudo o que ela me ofereceu aceitei com amor,
Nada foi desprezado, nada foi desperdiçado,
Mas saudade por não saber onde ela está,
Por não poder sentir suas asas em mim,
Por não poder vê-la transformar-se num outro sentimento,
Por não poder estar ao seu lado quando ela precisar,
Sei que um dia a saudade vai passar,
Então tudo o que vivemos se tornará recordação
Que guardarei no meu baú para quando tiver
Vontade de sorrir novamente, eu trazer de volta essa lembrança.
Mais feliz vou ficar ao saber que a liberdade um dia também,
Recordará-se feliz dos momentos em que meu deu asas,
Pois foi com elas que pude enxergar o mundo de outra maneira,
Pude ver a lua nascer como nunca tinha visto antes,
Pude pisar no tapete branco formado pelas ondas,
Pude correr na chuva, numa noite de primavera,
Pude me despir e sentir a pureza desse ato.
Desculpe por não ter sido também a sua liberdade,
Por não ter te dado asas para acompanhar-me
Nos momentos em que precisava.
E mesmo tendo dito que não faria,
Desculpe por chorar de tristeza,
Ao perceber que o momento é de despedida.

Sou eu


Sou eu
Eduardo Potiguar

Sou meio à toa,
Sou todo momento,
Sou sempre atento
para as ordens do coração.

Sou faca que corta,
Sou flor que perfuma,
Sou a foto que guarda
momento de muita emoção.

Sou dedos que falam,
Sou boca que cala,
Sou olhos fechados
que vêem a sua feição.

Sou a sua espera,
Sou o seu receio,
Sou a grade que abre
Pra sua libertação.

Sou o tempo que passa,
Sou o amigo que abraça,
Sou o sim que aguarda
sua confirmação.

Ps.: Este poema fala muito de mim, ele deixa claro quem sou eu!!!

Não sei o que fazer

NÃO SEI O QUE FAZER
Eduardo Potiguar


Não sei o que fazer,

Mas tudo leva a crer
Que eu sou normal.
Então por que ao
Amanhecer acordo
Pensando em você?

Será que você vai esperar?
Será que o amanhã vai chegar?
Será que o destino vai me ajudar?
O que será que será?

Não sei o que fazer,
Mas tudo leva a crer
Que eu sou normal.
Então por que ao
Anoitecer eu continuo
Pensando em você?

Você descobriu os meus segredos,
Ultrapassou as fronteiras do medo,
Criou nosso próprio universo
E juntos perdemos a razão.

Não sei o que fazer,
Mas tudo leva a crer
Que eu sou normal.
Não precisa entender,
Não precisa responder,
Basta apenas sentir
O que a paixão faz em você.

Sobre o Amor

SOBRE O AMOR...
Eduardo Potiguar


Sentimento presente até para os ausentes,
Centenas de definições, nenhuma a mais certa,
Quando novo é paixão,
Quando amadurece é comunhão,
Se for correspondido traz felicidade,
Mas se não for, é só dor!
Uns tem medo de expressá-lo,
Outros têm dificuldade em entendê-lo,
Muitos o procuram incansavelmente,
Alguns o desprezam constantemente,
Há sempre uma pessoa pra se amar,
Como também alguém que nos ame,
É a cura para um desamor,
É simplesmente amor,
É indispensável!

Amiga Minha


Amiga minha
Wanderley Nunes*


Amiga minha, eu sei, que só vives por ele que sabe também, mas ele não te vê como eu, a suplicar que eu diga, que ele me confessou entre taças, que é com tua pele que ele sonha à noite e enlouquece com cada botão que abres pensando em suas mãos.
Ele não te viu tremer, esperando uma palavra, algum gesto, um abraço.
Ele não te vê como eu, suspirando com os olhos abertos de par em par, a escutar, a nomear...
Ah! Amiga minha, eu sei e ele também.
Amiga minha, não sei o que dizer, nem o que fazer para te ver feliz.
Se Deus pudesse mandar na alma ou na liberdade. Que é o que faz falta a ele, encher os teus bolsos de guerras ganhadas de sonhos e ilusões renovadas.
Eu quero te dedicar uma poesia, tu pensas que estou dando as notícias.
Amiga minha, se Deus algum dia, ouvindo minha canção imediatamente entendesse que não quis contar tua história, porque poderia ser comovedora, mas me perdoa, amiga minha.
Não é inteligência nem sabedoria, esta é minha maneira de dizer as coisas, não é que seja o meu trabalho, é que é meu idioma.
Amiga minha, princesa de um conto infinito.
Amiga minha, só quero que contes comigo.
Amiga minha, a ver se por estes dias finalmente aprendo a falar sem ter que fazer tantos rodeios, por que toda essa história me importa porque é minha amiga.
Amiga minha...

Amiga Mía (Alejandro Sanz)
*Amiga minha - Tradução, versão e adaptação (Wanderley Nunes)
Ps.: Esta tradução e adaptação eu fiz em 1998, quando Alejandro Sanz lançou o cd Más! Não me responsabilizo por traduções feitas e lançadas na net!

Quem é ele?

Quem é ele?
Wanderley Nunes

Quem é ele?
Por que seus olhos parecem observar?
Por que será que ele tanto quer se reservar?
Por que ele só mostra seu olhar e nada mais?
Será que essa é uma forma de o deixarem em paz.

Quem é ele?
Com quem falo,
Com quem dou risada,
Com quem me calo,
Quem é esse menino?

Quem é ele?
Sei que ele estará sempre ali a observar
Sei que estará sempre ali sem julgar,
Sei que ele estará ali vendo a vida passar,
Mesmo assim eu ainda sei que ele estará a observar.

Quem é ele?
Que tem olhos e palavras,
Que tem carinho pelos amigos,
Será que ele tem inimigos?
Ou seus inimigos se tornam amigos?

Quem é ele?
Que nada sei,
Que vive onde não tem rei,
Que não sei qual à parte da vida dele no meu caminho,
Quem é ele que nunca deixa eu me sentir sozinho?
Ele é meu amigo! Isso me basta.

Sonhei com fogueiras


Sonhei com fogueiras

Sonhei com fogueiras. Fogueiras ciganas. Numa clareira, uma fogueira ardia, uma cigana dançava. Rodopios hipnóticos e uma música animada. Eu sentado, do outro lado da fogueira, via a cigana através do fogo. Estava ali, com as mãos apoiando o queixo vendo a bela figura rodopiar, guizos e sons, cantorias e alegria em volta dela. Vestido esvoaçante, pés descalços, dançando a luz da lua, meus olhos atravessando a fogueira, chegando aos seus olhos de fogo, que emanavam o milenar segredo cigano.
Seu nome eu não sabia, as pessoas ali presentes não diziam. Pensava ter ouvido seu nome por um instante, mas foi apenas o sussurro do vento ao meu redor. Ele citara um nome estranho, nome cigano que eu não conhecia. Citara muito baixinho no sussurro do vento, que o levou pelas árvores embora. Mas ela continuava a dançar, sem nome, sem nem pensar em parar. Seus pés levantavam poeira e desenhavam figuras no chão. Pareciam como as figuras na palma da minha mão.
Linha da vida, linha do tempo, linha indefinida. A música preenchia todo o vazio ao redor, seus olhos se cravavam nos meus como adagas furiosas, mas num furor de paixão, de uma cigana misteriosa.
De repente tudo ficou em silêncio, mas a dança continuava, agora mais eloqüente. Parecia uma linguagem que traduzia o que a cigana queria dizer sem palavras, pois seu corpo falava o que ela tinha em mente. Uma misteriosa mulher, que muitos assim a viam, parecendo apenas mulher, mas que eu via através da fogueira, na sua dança ininterrupta, seu interior flamejante. Os homens ali olhavam apenas o corpo, que parecia não cansar, eu olhava além da fogueira, o seu silêncio quebrado.
Ela fala, no silêncio, sem nem seu lábio mover, sobre o interior que ninguém conseguia ver. Passei a dizer para ela, não me lembro muito bem como foi que fiz isso, que a fogueira me mostrara, muito dela, muito mais além. Eu ouvia a sua voz, as palavras de seu interior, que a faziam bela e tão clara, quanto o fogo que a mim queimava.
Acordei do sonho. Sonhei com fogueiras... Fogueiras ciganas.


Ps.: Pessoal não sei quem é o autor desse texto se alguém souber me avise!!!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Vida


Vida

(Mário Quintana)

A vida são deveres que nós
trouxemos pra fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando,
pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma eu digo,
não deixe de fazer algo que gosta
devido à falta de tempo,
a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Mensagem à Poesia (pessoal vale a pena ler)

Conheci este poema através do meu professor de Metodologia Científica Olívio, o poema é bom e vale a pena ser lido, no começo temos uma impressão e depois só após ler todo poema entendemos o que Vinicius quis passar.

Mensagem à Poesia
Vinicius de Moraes


Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é precisoreconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

Vinicius de Moraes, o verdadeiro poeta brasileiro, tenta resistir à poesia. O poema acima foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 160.