A Ultima Grande Mulher Fatal
Wanderley Nunes
Quando a vi dentro de um ônibus, achei que ela tinha saído das crônicas de Nelson Rodrigues, naquele momento o próprio Nelson parecia estar sentado ao meu lado. Ela entrou com um andar elegante, seu perfume era conhecido; em meio a um calor de matar, lá estava ela toda arrumada como se fosse à algum lugar importante, mas não ela parecia ir pra sua casa.
O que me perturbava era o fato de que, por mais mulheres belas que pudessem existir naquele ônibus, ela despertava minha atenção. Era um misto de fascínio, curiosidade ou sei lá o quê. Só sei que o perfume dela tomava conta do meu nariz, meus olhos fixaram-se na sua nuca e eu não entendia o motivo de ela ser da forma que era, não era bonita nem feia, mas conseguia chamar a atenção por algum motivo.
Lembrei-me do nosso Anjo Pornográfico, o Nelson Rodrigues que também escreveu uma crônica sobre a ultima mulher fatal. Tentei buscar nela algo que me fizesse lembrar a crônica do Nelson, mas nada me levava a uma resposta.
Meu ponto era o próximo e no desespero levantei-me antes, olhei-a como um perito analisa um cadáver e descobri que ela não é, nunca foi e nunca será uma mulher normal. Ela é uma mulher que atrai pelo simples, uma mulher que se produz pra esperar o marido diariamente, aquela mulher que usava uma roupa visivelmente ajustada pra seu corpo, aquela mulher que conquista apenas com a presença, com dois olhos verdes que brilhavam.
Ela foi a ultima grande mulher fatal que eu vi, as outras não chegam aos seus pés.
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