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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ensina-me

Ensina-me 
Wanderley Nunes 

 Por esses dias cheguei a uma conclusão, que tem pessoas que são amadas, pessoas que são invejadas, pessoas que são desprezadas, pessoas que são ignoradas e pessoas que incomodam por ser quem são. Calma, calma, não vou esculachar ninguém. Então, voltando ao meu texto, hoje me peguei pensando e analisando muitas coisas na minha vida. Confesso a vocês que passar uns dias no interior é bom por isso, você além de descansar, passa a analisar mais você mesmo, pois o tempo que você não tem nada pra fazer, você pensa um pouco e também conhece pessoas que, por mais malícia que tenha no olhar são transparentes, são pessoas diferentes do que estamos acostumados a conviver. São pessoas que por mais longínquas que estejam da nossa cultura urbana, são sinceras nos olhos, nos sorrisos, nos dialetos, etc. Gostam de você sem pedir nada em troca, te cumprimentam como se te conhecesse há anos, falam contigo até te chamando por apelidos carinhosos sem mesmo te perguntar se poderiam ou não te chamar assim. Coisa que numa metrópole como São Paulo é raro, onde as pessoas mal se olham, e quando vêem alguém passando mal sequer desviam do seu caminho para socorrer, aliás, não são todas assim. Esses dias no interior me levaram a refletir muito, funciona como uma espécie de retiro espiritual, onde você descansa a mente, o corpo se reeduca, sente o contato mais próximo com a natureza, ainda mais aqui que foi fundado o primeiro templo budista do Brasil. Afinal descansar, descansar, tomar sorvete, ir à lan-house (pra não perder o hábito) e continuar descansando não faz mal a ninguém. Sinceramente ando pensando e se eu morasse aqui, como seria minha vida, comparando-a com a das pessoas que vivem nessa cidadezinha no meio do nada e com um calor de derreter, minha vida seria mais lenta, mais calma, acho que eu chegaria ao tédio em pouco tempo. Acostumado com o som do trânsito perto da avenida onde moro, acostumado a pegar ônibus lotado, acordar cedo, tomar um café correndo sempre olhando pro relógio, correr pra não perder aquele maldito ônibus cheio de gente, ou com cara feia, ou com cara de sono, ou simplesmente de boca aberta terminando de dormir o sono que deixara na cama. Aqui uma cidade calma, um ônibus a cada hora, às 19 horas eles param de rodar, se você perder o último coletivo da cidade meu amigo e minha amiga, prepare-se, crie coragem e encoraje também as suas pernas e faça todo caminho a pé. O mais cruel disso tudo é que se o cidadão não tiver outro meio de locomoção que não seja o coletivo dançou, vai ficar a pé e o pior de tudo num calor daqueles, pelo menos não vai dar pra reclamar que é sedentário, cada caminhada equivale a umas boas horas de academia seguida de uma sauna. Confesso que eu ainda estou tentando me imaginar aqui, mas definitivamente não consigo, apesar de todos os encantos terapêuticos e visuais, ainda não aprendi a querer essa cidadezinha no fim do mundo, a ponto de ficar aqui para sempre. Ah! Já ia me esquecendo de um detalhe importante: O contato com a natureza é tanto, que um beija-flor sem-vergonha chamado Joãozinho tem a audácia de te tirar do seu momento de descanso e reflexão, fica voando na sua frente quase que batendo as asas no seu rosto a menos de 30 centímetros, só pra te passar a mesma mensagem de sempre, quase que dizendo: “Tire as abelhas do meu bebedouro, quero beber água, estou com sede”. E você que não levante e vá afastar a poucas abelhas que ficam por ali por perto, não terá nenhuma tarde de sono e pensamentos sobre a vida, muito menos conseguirá digitar nada.

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